Estudos na Confissão de Fé de Westminster: Dos Eternos Decretos de Deus – Parte VI

26/06/2011 00:08

João Ricardo Ferreira de França

Seção VI. Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora.  Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo.
Referências bíblicas. I Pedro 1:2; Ef. 1:4 e 2: 10; II Tess. 2:13; I Tess.  5:9-10; Tito 2:14; Rom. 8:30; Ef.1:5; I Pedro 1:5; João 6:64-65 e 17:9; Rom. 8:28; I João 2:19.

 

Introdução

Estamos agora diante de uma grande declaração. Esta declaração visa corrigir algumas distorções a respeito da doutrina da predestinação, pois, pessoas há que dizem que a doutrina da predestinação inativa a prática da evangelização. Este é um ledo engano, isto porque não existe tal concepção  na declaração de fé dos reformados.

Outros dizem que a predestinação faz acepção de pessoas e que por isso, tal doutrina não pode ser verdadeira. Tal concepção ignora a real proposição estabelecida pela Teologia Reformada – de que todos os homens se acham caídos em pecado e miséria, escravos e mortos pelo pecado (João 8.34,44; Efésio 2.1-3). Dado a isso, compreendemos que a predestinação não faz acepção de pessoas, mas é fruto da vontade livre e soberana de Deus.

I – A Predestinação e os meios destinados para o cumprimento do Decreto de Deus

O que se deve levar em consideração quando se trata da predestinação? O que se deve ter em mente quando se pensa nos meios pelos quais os eleitos serão alcançados?

1.2 – Deve-se Pensar no destino dos Eleitos. Não se podem estabelecer meios, ou métodos para buscar os eleitos se não se pensa sobre o destino final dos eleitos. A nossa Confissão nos diz que os eleitos foram “destinados para a glória” – Deus destinou os eleitos para a glória eterna para gozarem de sua presença ímpar; é exatamente isso que nos ensina a Santa Escritura (Efésios 1.3-4).

1.2 – Deve-se Reconhecer que é à vontade Deus que determina todas as coisas. Nada foge da vontade de Deus. Tudo ocorre porque Deus quer que aconteça. Tudo que planeja porque sua vontade não “pode ser frustrada” (Jó 42.2); e nem pode ser questionada porque ele usa toda a sua criação para fazer sua vontade soberana (Daniel 4.35); ele e somente ele é soberano! Nada está fora de seus decretos soberanos e únicos.

1.3 – deve-se ter em mente que Deus é quem determina os meios e os resultados na concretização da predestinação. A confissão de Fé declara-nos que Deus “preordenou todos os meios conducentes a esse fim” – todo resultado que se tem no decreto da predestinação é fruto do plano decretivo do Senhor; ou seja, Deus não predestinou apenas os resultados últimos do decreto, mas também cada detalhe que compõe esta vontade soberana. (Efésios 2.10); a obediência em boas obras é resultado da predestinação e não a causa; note só podemos realizar “boas obras” porque Deus previamente já havia assim estabelecido – por que isso? Para que não pensemos de nós que somos bons, e cumpridores da lei pelo nosso próprio esforço, mas atribuir tudo a vontade de Deus.

II – Não existe acepção de pessoas na Predestinação

Existem pessoas que diz que a predestinação faz acepção de pessoas. A questão é que a acepção de pessoa diz respeito em haver mérito em uma pessoa em detrimento de outra; isto é fazer acepção de Pessoas (Tiago 2.2-4) é assim que estabelece a Escritura; todavia, a predestinação não faz isso. A nossa confissão de fé diz: “os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão”.

Os eleitos não encontrado em um ponto melhor sobre os não-eleitos, pois, ambos estão perdidos, arruinados em Adão (Romanos 5.12-14). Aqui o principio de Isonomia – lei aplicada a todos – é estabelecido. Todos são descendentes de Adão – os eleitos e os reprovados; todos são visto como pecadores, perdidos e sem paz e salvação, onde a morte é a paga pelo pecado (Romanos 6.23).

Os eleitos não nascem com etiqueta de salvo. Isso seria pensar um absurdo sobre a predestinação – mas deve-se pensar que os eleitos nascem perdidos com a etiqueta que diz “para ser salvo” esta é a concepção correta da Predestinação (1 Pedro 1.1-2) – “para a aspersão do sangue de Jesus Cristo”. Todos os homens nascem no estado de morte espiritual e depravação total, todavia, Deus em sua saberia e graça salva seus eleitos.

III – A Predestinação e a Obra da Redenção

Outro aspecto que precisa ser levado em consideração é que a predestina assegura a obra da redenção na vida dos eleitos de Deus; na proposição confessional que temos diante de nós somos informados que os eleitos são “remidos por Cristo”. O que isto significa?

1. Que os eleitos são resgatados e perdoados em Cristo: É precisamente isso que nos declara a Palavra de Deus em Efésios 1.7; ou seja, os eleitos são resgatados de sua condição de escravos e libertados do pecado – para servirem a Cristo Jesus.

2. Significa que os Eleitos são alvos da obra interna do Espírito Santo: A obra de Cristo deve ser aplica à vida do eleito – sem esta aplicação não pode haver salvação, o escolhido precisa ser chamado soberanamente pelo Espírito, a nossa confissão diz que os eleitos “são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido”.

a) O Espírito convence soberanamente: João 16.7-11
b) O Espírito Santo opera na vida dos eleitos os benefícios da graça:
b.1. A fé na verdade e a santidade: II Tessalonicenses. 2:13
b.2 – Selando Os eleitos: Efésios 1.13-14

IV – Os benefícios da Predestinação na vida dos Eleitos

Os teólogos de Westminster informam-nos que os benefícios que os eleitos têm da predestinação é que eles “são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora”.

Esses benefícios são claros na Palavra de Deus, pois, os eleitos de Deus são visto como já alvos da grande salvação trazida por Cristo na cruz do calvário. Os predestinados para a vida têm:

  1. Justificação: Eles são visto como já justificados (declarados justos) em Romanos 8.30.
  2. Adoção: Deus inclui os eleitos na sua família conforme vemos em Efésios 1.5
  3. São guardados pelo poder de Cristo: os eleitos tem a certeza de salvação, pois são objetos do zelo do Senhor 1 Pedro 1.5.

V- A ausência de tais benefícios na vida dos não-eleitos

A seção de nossa Confissão termina declarando-nos algo importante: “Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo.” Isso tem implicações importantes para a igreja:

1) O resultado da evangelização está nas mãos de Deus: Vivemos um época que o sistema de apelo é a moda da vez; onde pessoas são convidadas a vir a frente e fazer “sua decisão por cristo”; esta prática ignora que os homens estão mortos em delitos e pecados, ignora a incapacidade e inabilidade do homem em responder positivamente ao evangelho.

2) Esta declaração silencia falsos paradoxos: Pessoas dizem, mas se alguém  quer ir pro céu, mas não foi predestinado como fica? Notem o absurdo! Um não-eleito querendo ir pra o céu! Ele pode ser membro da igreja, pode vir a igreja, freqüentar e participar das atividades da igreja, mas se não foi eleito para vida será condenado. Por quê? A razão é que não foi internamente chamado (Atos 16.14 – como foi Lídia); não foi declarado justo por fé (Romanos 5.1 – como são os eleitos); não pertence à família de Deus, porque não tem o Espírito de Adoção (Romanos 8.15 – que os eleitos têm); Cristo não é santificação dele (1 Coríntios 1.30 – como cristo é dos predestinados para a vida) e não alvos da morte de cristo (Gálatas 2.20-21; Tito 2.14).

Conclusão

A doutrina da predestinação nos oferece conforto ao nosso coração diante das dificuldades, mas acima de tudo nos dá a certeza de que fomos objeto do amor imerecido de Deus sobre as nossas vidas.


Extraído do site: https://www.eleitosdedeus.org/decretos-de-deus/estudos-na-confissao-de-fe-de-westminster-dos-eternos-decretos-de-deus-parte-vi-joao-ricardo-ferreira-de-franca.html#ixzz1QLdQKD46
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